07 março 2016

#28 Por vezes o Silêncio não é sinónimo de esquecimento...

Por vezes o Silêncio tem muito a dizer, carrega consigo um vazio cheio de sentimentos e de carga emocional, muitas vezes, mais significativa que as avalanches de palavras ou gestos exacerbados.
O Silêncio pode acalmar, mas também pode ferir, pode amparar, às vezes trás paz, outras vezes pode incitar tempestades... nem sempre o silêncio é pacífico.
Às vezes o Silêncio pode indicar revolta, rebeldia, até mesmo uma contrariedade contida. 
Nem sempre estou pronta a expressar o meu ponto de vista, no sentido de verbalizar o que quero e o que sinto. Assim, mesmo que discorde de algo, fico em silêncio, pois falta-me a coragem necessária para me libertar desta prisão que eu própria criei, ou então porque sei que qualquer tentativa de diálogo será inútil e cansativa naquele momento.
O Silêncio pode corresponder a uma reflexão. O pensamento e a fala devem conviver harmoniosamente de forma a que um não atropele o outro, para não existirem situações constrangedoras... É que as palavras, depois de proferidas, não voltam, deixam as suas marcas, muitas vezes negativas, na nossa vida.
Às vezes, o Silêncio é solidão, é vazio.
Outras vezes, o Silêncio é desistência.
Existem momentos em que é mais prudente desistir de algo, de alguém, de tentar convencer, de amar, de reclamar atenção ou reciprocidade.
Certas situações pedem que se siga em frente, que se parta para outra, que se canalize todas as forças e energias na direcção do que nos trará contrapartidas, e nos afastar dos apelos vazios, da mendicidade afectiva, para o bem da nossa saúde física e do nosso equilíbrio emocional.
O Silêncio, também pode significar desapego, o libertar das amarras que impedem de ter uma jornada tranquila.
É preciso despedir de tudo aquilo que nos pesa nos ombros, que embacia a visualização serena das possibilidades o que futuro nos reserva. É preciso serenar a celeridade que inquieta o coração, jogar fora a bagagem que não é necessária para se conseguir viver melhor.
O Silêncio, infelizmente, por vezes é mágoa, é ressentimento, são lamentações acumuladas. Na impossibilidade de encontrar coragem para viver a verdade por inteiro, de refutar o que não nos completa nem nos define, de impor aquilo em que se acredita, muitas vezes, sufoca-se o sentimento mais íntimo sob a infelicidade das aparências condizentes com o que todo mundo espera... excepto nós próprios. Nesse caso, o Silêncio é um crepúsculo eterno da nossa existência.
Felizmente, o Silêncio, também pode ser felicidade, certeza, convicção e força.
Ao reconhecer os momentos certos para calar e guardar aquilo que se pensa, pode salvar-nos de problemas. Quando se está seguro perante aquilo que se é, os sonhos e os planos de vida, não serão afectados.
"Quando o silêncio guarda o que se tem de mais precioso, caminha-se rumo ao alcance dos sonhos, para que se possa dividir com quem se partilha o amor de verdade, e com mais ninguém."
  

04 março 2016

#26 O poder do silêncio incompreendido...

Falavas muito, tinhas sempre algo a dizer, tinhas sempre de impor a tua opinião. Tinhas sempre que comentar, que criticar e essa era uma das coisas de que eu gostava em ti.
Tinhas um bom poder de argumentação e querias ter sempre razão. E eu para não me chatear deixava-te vencer, mesmo quando estavas errado. É que ao fim de algum tempo... cansava.
Vivias para as vitórias. Se encontrasses alguém melhor que tu, entravas em modo de competição, tinhas de ser sempre o melhor!
Quando íamos passear e tudo era lindo de mais ou duro de mais, eu ficava calada a olhar silenciosamente, a apreciar os breves momentos de plena satisfação. Não entendias os meus silêncios. Falamos sobre isso uma vez, mas tu não compreendias, deduziste que eu estava aborrecida e que não gostava da tua companhia. Tentei explicar... mas tu não percebeste... só a tua razão importava... acho que nem chegaste a ouvir o que dizia!
E eu disse-te que a vida me tinha ensinado que fácil era o ruído, as conversas sem sentido, a banalidade das palavras ditas sem necessidade alguma.
Mas argumentar contigo era uma batalha inglória. 
De nós os dois, podias ser o mais culto, o mais hábil, tinhas o dom da palavra e da argumentação.
Mas, de nós os dois, eu era sem dúvida alguma, a mais calma, a mais feliz, a mais atenta, a mais disponível para ti.
Ah! E quando leres isto, se chegares a ler algum dia... não te rias. Eu observei-te bem, sei do que falo!
Eu fazia de ti uma pessoa melhor.
Mas ainda assim, resolveste partir...