"Na vida de cada homem só existe uma mulher com quem é possível conseguir a união perfeita e, na vida de cada mulher, só existe um homem com quem pode sentir-se completa."
Contigo, cheguei à conclusão que é da diferença e da complementaridade que nascem as melhores relações. Mas para que elas nasçam e cresçam, têm de sobreviver ao conflito, à luta, muitas vezes dura e implacável, mas sempre necessária. Cada vez que vou à Serra experimento esta deliciosa sensação de mergulhar num outro mundo. Um mundo povoado de duendes e hobbits, de fadas e bruxas, de meninos que nunca crescem e histórias com happy ends. Mas... deve ser isto que me falta para entrar na idade adulta! Aprender a viver com a ideia que não existem happy ends. Que a vida não é nem como nos filmes nem como nos livros, continua sempre, para lá do justo, do razoável e do absurdo e só acaba com a morte. Que os príncipes encantados são a maior fraude da civilização ocidental e que a frase "e viveram felizes para sempre" devia aparecer no dicionário com o significado: mito ou lenda. Aprendi que a verdade nunca é exacta, porque cada realidade encerra em si mesma tantas verdades quantas as pessoas nela envolvidas. Tentei explicar-te este conceito, mas como sempre, tu nunca me deste atenção. Acho que é por isso, que sempre prefiro a dúvida ao conflito. Detesto o conflito, e é nisso que não és parecido comigo. Por isso te escrevo, em nome de tudo o que nos separa, talvez haja mais sentido nas nossas diferenças do que nas semelhanças. Essas aproximam-nos mais do que tu julgas, porque é da diferença e da complementaridade que nascem as melhores relações. Porque bom mesmo é o princípio da relação, porque logo a seguir começa o fim.